Caracterização dos padrões cinesiológicos do pontapé frontal, mae-geri, em karatecas expertos e indivíduos não praticantes

Autores

  • António M. VencesBrito Sports Sciences School of Rio Maior, Polytechnic Institute of Santarém
  • Marco A. Colaço Branco Sports Sciences School of Rio Maior, Polytechnic Institute of Santarém
  • Renato M. Cordeiro Fernandes Sports Sciences School of Rio Maior, Polytechnic Institute of Santarém
  • Mário A. Rodrigues Ferreira Sports Sciences School of Rio Maior, Polytechnic Institute of Santarém
  • Orlando J. S. M. Fernandes Sport and Health Department, Évora University
  • Abel A. Abreu Figueiredo Polytechnique Institute of Viseu
  • Gonçalo Branco Sports Sciences School of Rio Maior, Polytechnic Institute of Santarém

DOI:

https://doi.org/10.18002/rama.v9i1.1163

Palavras-chave:

Cinesiologia, electromiografia, controlo motor, artes marciais, desportos de combate

Resumo

Actualmente, treinadores e investigadores necessitam de compreender bem os parâmetros cinesiológicos do movimento porque são uma ferramenta importante de suporte das metodologias de treino e ensino, e para melhorar a performance dos gestos motores. O objective deste estudo foi (i) identificar os padrões cinemáticos e de controlo neuromuscular da execução do pontapé frontal (mae-geri) num alvo fixo e realizado por 14 karatecas cinto negro, (ii) e comparar com a execução do mesmo gesto técnico realizada por 16 participantes sem qualquer prática ou experiência de karate, tornando possível o uso desses dados na analise do treino e do processo de aprendizagem do karate. Verificou-se que a actividade cinemática e neuromuscular na execução deste pontapé acontece num espaço temporal de 600ms. A actividade muscular e cinemática evidencia a existência de um padrão sequencial temporal de intervenção segmentar com um sentido próximo-distal, onde os músculos estudados têm dois distintos momentos de actividade (períodos 1, 2). Na análise electromiografia (EMG), o grupo de karatecas apresenta uma maior intensidade de activação (rootmeansquare– RMS) e de pico de actividade no musculo Rectus Femoris (RF1) eVastus Lateralis (VL1), e menor tempo de cocontração em ambos os períodos nas relações entre os músculos Rectus Femoris - Biceps Femoris e Vastus Lateralis - Biceps Femoris. Na realização desta acção motora, os movimentos segmentares de flexão da coxa, de extensão da perna e de flexão plantar do tornozelo foram realizados com menor amplitude angular (range of action – ROA) pelos karatecas, reflectindo diferentes posicionamentos dos segmentos entre grupos. Em conclusão, existe um padrão cinesiológico geral, semelhante entre praticantes de karate e não praticantes de karate. Todavia, no grupo de karatecas o treino induz uma especialização da actividade muscular, reflectida pelos resultados do EMG e da cinemática do movimento, o que conduz a uma melhor acção balística na execução do mae-geri, em associação com um máximo de velocidade dos segmentos distais, alcançado próximo do instante do impacto, o que poderá traduzir-se num impacto mais potente.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas alternativas

Referências

Ball N., & Scurr J. C. (2011). Efficacy of current and novel electromyographic normalization methods for lower limb high-speed muscle actions. European Journal of Sport Science, 11(6), 447–56.

Basmajian J. V., & De Luca C. J. (1985). Muscles alive. Their functions revealed by electromyography. Baltimore: William & Wilkins.

Hermens H. J., Freriks B., Merletti R., Stegeman D., Blok J., Rau G., Disselhorst-Klug C., & Hagg G. (2000). SENIAM 8: European recommendations for surface electromyography. Enschede: Roessingh Research and Development.

Hirashima M., Kadota H., Sakurai S., Kudo K., & Ohtsuki T. (2002). Sequential muscle activity and its functional role in the upper extremity and trunk during overarm throwing. Journal of Sports Sciences, 20(4), 301–10.

Kellis E., & Baltzopoulos V. (1998). Muscle activation differences between eccentric and concentric isokinetic exercise. Medicine and Science in Sports and Exercise, 30, 1616–23.

Konrad P. (2005). The ABC of EMG. A Practical Introduction to Kinesiological Electromyography. Version 1.0. USA: Noraxon INC.

Liang N., Yamashita T., Ni Z., Takahashi M., Murakami T., Yahagi S., & Kasai T. (2008). Temporal modulation of agonist and antagonist muscle activities accompanying improved performance of ballistic movements. Human Movement Science, 27(1), 12–28.

Link N., & Chou L. (2011). The anatomy of martial arts, an illustrated guide to the muscles used in key kicks, strikes & throws. Ulysses Press.

Macan J., Bundalo-Vrbanac D., & Romic G. (2006). Effects of the new karate rules on the incidence and distribution of injuries. British Journal of Sports Medicine, 40, 326–30.

McGill S. M., Chaimberg J. D., Frost D. M., & Fenwick C. M. (2010). Evidence of a double peak in muscle activation to enhance strike speed and force: an example with elite mixed martial arts fighters. Journal of Strength and Conditioning Research, 24(2), 348–57.

Micera S., Vannozzi G., Sabatini A. M., & Dario P. (2001). Improving Detection of Muscle Activation Intervals. IEEE Engineering in Medicine and Biology, 20, 38–46.

Nakazawa, A. (1999). The Shotokan karate reader for RECR 150D Beginning Shotokan karate, from Selected topics in Shotokan karate. Alaska Shotokan karate, ISKF Alaska Region.

Pappas E. (2007). Boxing, wrestling, and martial arts related injuries treated in emergency departments in the United States, 2002-2005. Journal of Sports Science and Medicine, 6, 58–61.

Pieter W. (2010). Competition injury rates in young karate athletes. Science & Sports, 25, 32–38.

Pozo J., Bastien G., & Dierick F. (2011). Execution time, kinetics, and kinematics of the mae-geri kick: comparison of national and international standard karate athletes. Journal of Sports Sciences, 29, 1553–61.

Quinzi F., Camomilla V., Felici F., Di Mario A., & Sbriccoli P. (2013). Differences in neuromuscular control between impact and no impact roundhouse kick in athletes of different skill levels. Journal of Electromyography and Kinesiology, 23(1) , 140–50.

Santos-Rocha, R., Veloso, A., Valamatos, M. J., Machado, M. L., & Andre, H. I. (2009). Analysis of Kinematics of the Lower Limb during Step Exercise. Perceptual and Motor Skills, 109(3) , 851–869.

Sbriccoli P., Camomilla V., Di Mario A., Quinzi F., Figura F., & Felici F. (2010). Neuromuscular control adaptations in elite athletes: the case of top level karateka. European Journal of Applied Physiology, 108(6), 1269–80.

Schmidt, R. A., & Lee, T. D. (2011). Motor Control and Learning: A Behavioral Emphasis (5th ed.). USA: Human Kinetics.

Sforza C., Turci M., Grassi G., Shirai Y. F., Pizzini G., & Ferrario V. F. (2002). The repeatability of mae-geri-keage in traditional karate: a three-dimensional analysis with black-belt karateca. Perceptual and Motor Skills, 95(2), 433–44.

Sørensen H., Zacho M., Simonsen E. B., Dyhre-Poulsen P., & Klausen K. (1996). Dynamics of the martial arts front kick. Journal of Sports Sciences, 14, 483–95.

VencesBrito, A. (2012). Caracterização cinesiológica do choku-tsuki executado com impacto e sua comparação com a execução sem impacto. Revista de Artes Marciales Asiáticas, 7(1), 12–25.

VencesBrito A. M., Rodrigues Ferreira M. A., Cortes N., Fernandes O. & Pezarat-Correia P. (2011). Kinematic and electromyographic analyses of a karate punch. Journal of Electromyography and Kinesiology, 21, 1023–9.

Winter, D. A. (2009). Biomechanics and motor control of human movement (4th ed.). Hoboken, N.J.: Wiley.

Zetaruk M. N., Violan M. A., Zurakowski D., & Micheli L. J. (2005). Injuries in martial arts: a comparison of five styles. British Journal of Sports Medicine, 39, 29–33.

Downloads

Publicado

2014-03-27

Como Citar

VencesBrito, A. M., Branco, M. A. C., Fernandes, R. M. C., Ferreira, M. A. R., Fernandes, O. J. S. M., Figueiredo, A. A. A., & Branco, G. (2014). Caracterização dos padrões cinesiológicos do pontapé frontal, mae-geri, em karatecas expertos e indivíduos não praticantes. Revista de Artes Marciales Asiáticas, 9(1), 20–31. https://doi.org/10.18002/rama.v9i1.1163

Edição

Secção

Artigos

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)