Galhofa: a luta portuguesa entre tradição e sobrevivência
DOI:
https://doi.org/10.18002/rama.v17i1.7111Palavras-chave:
Artes marciais, desportos de combate, galhofa, luta tradicional, jogos tradicionais, património cultural imaterial, fenomenologiaEntidades:
This study was financially supported by PNPD/CAPES and FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) – grant # 2019/03947-5Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar a galhofa, uma luta tradicional praticada na região norte de Portugal, principalmente em Trás-os-Montes, na região norte. Parte de uma tradição oral e folclórica, a galhofa sobreviveu sem uma organização sistemática, seja no que diz respeito às suas regras ou mesmo às suas técnicas. Assim, este artigo centra-se na introdução e discussão da galhofa como uma atividade entre tradição e desportivização. Os dados foram recolhidos em Bragança em 2019 através de entrevista e atividade de imersão, juntamente com imagens e vídeos de pesquisa de campo em Parada entre 1997 e 2001. Tanto a visita em Bragança quanto o processo analítico foram conduzidos por meio da fenomenologia e inspirados na estesiologia e na emersiologia. Geralmente, a experiência do galhofa abrange uma forma livre de luta, com o objetivo principal de manter as costas e os ombros do oponente no chão por alguns segundos. Historicamente relacionada com uma atividade masculina, é frequentemente associada a um ritual de passagem da adolescência para a idade adulta. Sendo a única modalidade de luta de agarre tradicional portuguesa, a galhofa pode ser considerada uma prática com características peculiares. No entanto, existem alguns aspectos compartilhados com outras artes marciais e esportes de combate, principalmente as mais tradicionais, como capoeira, loita e luta leonesa. Correndo o risco de desaparecer, enfrenta um processo contínuo de desportivização, que inclui uma agenda mais equitativa de género e uma organização sistemática de técnicas e procedimentos de competição. Mudanças relevantes também foram feitas no sentido de tornar esta prática mais popular e amplamente divulgada, como por exemplo, sua inserção como parte do currículo de graduação da Licenciatura em Desporto do Instituto Politécnico de Bragança.
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