Violência doméstica, binómio cultural honra-vergonha e controlo de mulheres: uma análise de processos de (pós)divórcio

Auteurs-es

DOI :

https://doi.org/10.18002/cg.v0i14.5868

Mots-clés :

Violência doméstica, honra-vergonha, controlo de mulheres, processos (pós)divórcio, género

Résumé

Neste artigo o autor, partindo de conclusões de várias pesquisas, incluindo uma por si coordenada, sobre desigualdades de género, focaliza o olhar sobre o fenómeno de violência doméstica, em particular, sobre as mulheres, considerando o nível socio-estrutural, organizacional-institucional e interativo. Uma vez problematizado o fenómeno e feita breve revisitação teórica sobre desigualdades de género, é convocado para análise da violência sobre as mulheres o binómio honra-vergonha, situando-o não tanto ao nível cultural mas mais ao nível do poder, do controlo de mulheres nas dimensões sexual e patrimonial. Para ilustrar este fenómeno é feita uma análise sociológica de 400 processos judiciais de (pós)divórcio, recolhidos em dez comarcas e Tribunais de Menores no Centro, Sul e sobretudo Norte de Portugal continental.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Métricas alternativas

Biographie de l'auteur-e

Manuel Carlos Silva, Universidade do Minho - Portugal

Licenciado en Derecho por la Universidad Lisboa y en Sociología por la Universidad de Ámsterdam, donde se doctoró, cum laude, en Ciencias Sociales, Culturales y Políticas. Actualmente es catedrático de Sociología en la Universidad de Minho y Director del Centro de Investigación en Ciencias Sociales (CICS). Investigador responsable del Proyecto de Investigación sobre relaciones interétnicas y racismo y co-responsable de un otro proyecto de investigación sobre “Prostitución Femenina en las zonas transfronterizas del Norte de Portugal y responsable por el proyecto de investigación “(Des)igualdades de género en el trabajo y en la vida privada” (concluidos). Ha sido distinguido con el Premio Sedas Nunes por un Jurado Internacional otorgado a la mejor obra producida en Ciencias Sociales entre 1994 y 1996, por su obra, “Resistir e adaptar-se. Constrangimentos e estratégias camponesas no Noroeste de Portugal”, Porto: Afrontamento. Actualmente es Presidente dela Asociación Portuguesa de Sociología. Sus publicaciones se sitúan en el área dela Sociología Rural y Urbana, Sociología Política, Sociología del Desarrollo y Sociología de las Desigualdades Sociales (de clase, étnicas y de género). Asimismo, ha colaborado en la organización de diversos coloquios, seminarios y congresos nacionales e internacionales, especialmente en los IV, V, VI y VII Congreso dela Asociación Portuguesa de Sociología.

Références

Aboim, Sofia (2010): “Género, família e mudança em Portugal”. Em: Sofia Aboim Karin Wall, e Vanessa Cunha (orgs): A vida familiar no masculino. Negociando velhas e novas masculinidades. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, pp. 39-66.

Abott, Pamela e Wallace, Claire (1991): Gender, Power and Sexuality. Basingstoke: Macmillan.

Almeida, Ana Nunes (1985): “Trabalho feminino e estratégias familiares”. Em: Análise Social, vol. XXI, nº. 85, pp. 7-44.

Almeida, Ana Nunes; André, Isabel e Cunha, Vanessa (2005): “Filhos e filhas: uma diferente relação com a escola”. Em: Karin Wall (org.): Famílias em Portugal. Percursos, Interacções e Redes Sociais. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, pp. 517-550.

Almeida, Miguel Vale de (2000 [1995]): Senhores de si. Uma interpretação antropológica da masculinidade. Lisboa: Fim de Século.

Amâncio, Lígia (1994): Masculino e Feminino. A construção social da diferença. Porto: Afrontamento.

Araújo, Helena Costa (2010): “Escola e construção da igualdade no trabalho e no emprego”. Em: Virgínia Ferreira (org): A igualdade de mulheres e homens no trabalho e no emprego em Portugal. Políticas e Circunstâncias. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, pp.217-245.

Aristóteles (n.d., [1951]): Politics, 1254b, (organizado por W. Ross). Oxford: Oxford University Press.

Beauvoir, Simone (2008 [1949]): O Segundo Sexo. Lisboa: Quetzal Editores.

Becker, Howard S. (1968 [1963]): Outsiders – Studies in the sociology of deviance. Nova Iorque e Londres: The Free Press of Glencoe.

Bader, Veit e Benschop, Albert (1988): Ongelijkheden. Groningen: Wolters Noordhoff.

Blok, Anton (2001): Honor and Violence. Cambridge: Polity Press.

Bourdieu, Pierre (1998): La domination masculine. Paris: Seuil.

Brandão, Ana Maria (2010): E se tu fosses um rapaz? Homoerotismo e construção social da identidade. Porto: Afrontamento.

Braverman, Harry (1974): Labour and Monopoly Capital. The Degradation of Work in the Twentieth Century. Nova Iorque: Londres.

Cabral, João Pina (1991): Filhos de Adão, Filhas de Eva. A visão do mundo camponesa no Alto Minho. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Casaca, Sara (2012): Trabalho emocional e trabalho estético. Coimbra: Almedina.

Cole, Sally (1991): Women of the Praia. Nova Jersey: Princeton University Press.

Creenshaw, Kimberlé (2000): “Race Reform and Retrenchment. Transformation and Legitimation in antidiscrimination Law”. Em: Les Back e John Solomos (orgs.): Theories of Race and Racism. Londres e Nova Iorque: Routledge, pp. 549-560.

Crompton, Rosemary (2003): “Class and Gender beyond the „Cultural Turn‟”. Em: Sociologia. Problemas e Práticas, nº. 42, pp. 9-24.

Cutileiro, José (1977): Ricos e Pobres no Alentejo. Lisboa: Sá da Costa.

Cutileiro, José (1988): “Honra, vergonha e amigos”. Em: John G. Peristiany (org): Honra e Vergonha. Valores das sociedades mediterrânicas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Dias, Jorge (1964): “Community Studies in Portugal”. Em: Portuguese Contribution to Culture. Joannesburgo: Witwaterstrand, pp. 63-93.

Durkheim, Emile (1974 [1895]): Las reglas del método sociológico. Madrid: Morata.

Durkheim, Emile (1977 [1893]): A divisão do trabalho social. Lisboa: Presença.

Engels, Friedrich (1980 [1884]): A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Lisboa: Editorial Presença.

Ferreira, Virgínia (1993): “Padrões de segregação das mulheres no emprego – uma análise do caso português no quadro europeu”. Em: Boaventura S. Santos (org): Portugal: um retrato singular. Porto: Afrontamento, pp. 231-257.

Ferreira, Virgínia (1999): “Os paradoxos da situação das mulheres em Portugal”. Em: Revista Crítica de Ciências Sociais, nº. 52-53, pp. 199-227.

Firestone, O. Shulamith (1976): A Dialéctica do Sexo. Rio de Janeiro: Labor do Brasil.

Flandrin, Jean-Louis (1983): Un temps pour embrasser. Aux origines de la morale sexuelle occidentale (VI-XI siècle). Paris: Seuil.

Foucault, Michel (1992): Microfísica do poder. Madrid: Ediciones de la Piqueta

Foucault, Michel (1994): História da sexualidade. I. A vontade de saber. Lisboa: Relógio d‟Água.

Freud, Sigmund (1975 [1946]): Abrégé de psychanalyse. Paris: Presses Universitaires de France.

Giddens, Anthony (2000 [1997]): Sociologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.

Godinho, Vitorino Magalhães (1980 [1971]): Estrutura da antiga sociedade portuguesa. Lisboa: Arcádia.

Goffman, Erving (1974): Les rites d’interaction. Paris: Éditions du Minuit.

Goody, Jack (1983): The development of the Family and Marriage in Europe. Cambridge: Cambridge University Press.

Guerreiro, Maria das Dores (1998): “A conciliação entre trabalho e vida familiar em Portugal”. Em: Maria das Dores Guerreiro (org): Trabalho, Família e Gerações: Conciliação e Solidariedades. Lisboa: CIES/ISCTE, pp. 33-38.

Guerreiro, Maria Dolores e Perista, Helena (1999): “Trabalho e Família”, Inquérito à Ocupação do Tempo. Lisboa: Instituto Nacional de Estatística.

Harris, Olivia e Young, Kate (1981): “Engendered Structures: Some Problems in the Analisys of Reproduction”. Em: Joel S. Khan e Josep R. Llobera (orgs): The Anthropology of Pre-Capitalist Societies. Londres: MacMillan, pp. 109-147.

Hartman, Heidi (1982): “Capitalism, Patriarchy and Job Segregation by Sex”. Em: Anthony Giddens e David Held (orgs): Classes, Power and Conflict. Londres: MacMillan Education Ltd, pp. 446-469.

Kovács, Ilona e Casaca, Sara (2008): “Labor segmentation and employment diversity in ICT service sector in Portugal”. Em: European Societies, vol. 10, nº. 3. Routledge, Taylor & Francis Group, pp.429-451.

Lisboa, Manuel; Frias, Graça; Roque, Ana e Cerejo, Dalila (2006): “Participação das mulheres nas elites políticas e económicas no Portugal democrático (25 de Abril de 1974 a 2004)”. Em: Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, nº. 18, pp. 163-187.

Luhman, Niklas (1982 [1970]): The Differentiation of Society. Nova Iorque: Columbia University Press.

McCall, Leslie (2005): “The complexity of interseccionality”. Em: Signs, vol. 30, nº. 3, pp. 1771-1800.

Machado, Helena (1999): “„Vaca que anda no monte não tem boi certo‟: análise da prática judicial de normalização do comportamento sexual e procriativo da mulher”. Em: Revista Crítica de Ciências Sociais, nº. 55, pp.167-184.

Machado, Helena (2007): Moralizar para identificar. Cenários da investigação judicial de paternidade. Porto: Afrontamento.

Magalhães, Maria José (1998): Movimento feminista e Educação em Portugal: Décadas de 70 e 80. Oeiras: Celta Editora.

Marx, Karl e Engels, Friedrich (1976 [1846]): A ideologia alemã. Lisboa: Presença.

Marques, Ana Paula, Silva, Manuel Carlos e Veiga, Carlos (2006): Assimetrias de Género e Classe. O caso das empresas de Barcelos. Barcelos: Kerigma.

Millet, Kate (1974): Política sexual. Lisboa: Publicações Dom Quixote.

Nencel, Lorraine (1994): “The secrets behind sexual desire: the construction of male sexuality in Lima, Peru”. Em: Etnofor, vol.VII, nº. 2, pp. 59-75.

Nogueira, Conceição (2013): “A teoria da interseccionalidade nos estudos de género e sexualidades: condições de produção de „novas possibilidades‟ no projeto de uma psicología feminista crítica”. Em: Ana Lídia Campos Brizola et al. (orgs): Práticas sociais, políticas públicas e direitos humanos. Florianópolis: Abrapso/Nuppe/CFH/UFSC, pp. 227-248.

Ortner, Sherry e White, Harriet (1988 [1972]): Sexual Meanings: the Cultural Construction of Gender and Sexuality. Cambridge: Cambridge University Press.

Parsons, Talcott (1956): “Family Structure and the Socialization of the Child”. Em: Talcott Parsons e Robert F. Bales (orgs): Family, Socialization and Interaction Process. Londres: Routledge & Kegan Paul, pp. 35-131.

Pereira, Maria do Mar (2012): Fazendo Género no Recreio. A negociação do género em espaço escolar. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais.

Peristiany, John G. (1988 [1965]): “Introdução” e “Honra e vergonha numa aldeia cipriota”. Em: John G. Peristiany (org): Honra e Vergonha. Valores das sociedades mediterrânicas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp.3-10 e pp. 139-155.

Pitt-Rivers, Julian (1988): “Honra e posição social”. Em: John G. Peristiany (org): Honra e Vergonha. Valores das sociedades mediterrânicas. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 11-61.

Pitt-Rivers, Julian (1997 [1977]): Anthropologie de l’honneur. Paris: Hachete.

Ribeiro, Orlando (1940): “Villages et communautés rurales au Portugal”. Em: Biblos, vol. XVI, nº. II. Coimbra: Coimbra Editora, pp. 411-425.

Ribeiro, Manuela e Sacramento, Octávio (2002): “Prostituição feminina no espaço transfronteiriço ibérico – Um caso particular de circulação de pessoas”. Em: Cadernos do Noroeste, série Sociologia, Sociedade e Cultura, vol. 18 (1-2), pp. 205-227.

Roberts, Richard (1984): “Women‟s Work and Women‟s Property: Household Social Relationship in the Maraka Textile Industry of the Nineteenth Century”. Em: Comparative Studies in Society and History, vol. 26, nº. 2, pp. 229-250.

Rousseau, Jean Jacques (1995 [1755]): Discurso sobre a origem e fundamentos da desigualdade entre os homens. Mem Martins: Publicações Europa-América.

Santos, Gina Gaio (2010): “Gestão, trabalho e relações sociais de género”. Em: Virgínia Ferreira (org): A Igualdade de Mulheres e Homens no Trabalho e no Emprego em Portugal, Políticas e circunstâncias. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, pp. 99-138.

Santos, Helena e Amâncio, Lígia (2012): “Género e política: análise sobre as resistências nos discursos e nas práticas sociais face à Lei da paridade”. Em: Sociologia. Problemas e Práticas, nº. 68, pp. 79-101.

Schneider, Jane (1971): “Of the vigilance and virgins: honor, shame and acces to ressources in Mediterranean societies”. Em: Ethnology, vol. X, nº. 1, pp.1-24.

Schouten, Maria Johanna (2011): Uma Sociologia do Género. Vila Nova de Famalicão: Edições Húmus.

Segalen, Martine (1983 [1980]): Love and Power in the Peasant Family. Rural France in the Nineteenh Century. Chicago: The University of Chicago Press.

Silbert, Albert (1960): Le ‘collectivisme agraire’ au Portugal: histoire d’un probleme. Lisboa: Livros Horizonte.

Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (1988): “Camponeses e patronos: o caso de uma aldeia minhota”. Em: Cadernos de Ciências Sociais, nº. 7, pp. 51-80.

Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (1991): “Casa e casas em espaço rural minhoto: o poder doméstico”. Em: Cadernos do Noroeste, vol. 4, nº. 6-7, pp. 79-99. (cf. versão mais reduzida in Actas do II Congresso Português de Sociologia, vol I, pp. 922-939, Lisboa: Fragmentos).

Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (1998): Resistir e Adaptar-se. Constrangimentos e estratégias camponesas no Noroeste de Portugal. Porto: Afrontamento.

Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (2004): “Honra e vergonha: código cultural mediterrânico ou forma de controlo de mulheres?. Em: Jose Portela e João Castro Caldas (orgs): Portugal-Chão. Oeiras: Celta Editora, pp. 67-86.

Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (2016): Desigualdades de género. Família, Educação e Trabalho. Vila Nova de Famalicão: Húmus.

Silva, Manuel Carlos e Van Toor, Marga (2017): “Desigualdades de género y estrategias de paridad en la educación”. Em: Cuestiones de género: de la igualdad y la diferencia, nº. 12, pp. 245-265.

Silva, Sofia Marques (2010): “Mulheres e feminilidade em culturas ocupacionais de hegemonía masculina”. Em: Virgínia Ferreira (org.): A Igualdade de Mulheres e Homens no Trabalho e no Emprego em Portugal. Políticas e circunstâncias. Lisboa: Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego, pp. 293-332.

Stolke, Verena (2006): “O enigma das intersecções: classe, raça, sexo, sexualidade. A formação dos impérios transatlânticos do século XVI ao XIX”. Em: Estudos feministas, vol. 14, nº. 1, pp.15-42.

Tavares, Manuela (2011): Movimentos de mulheres em Portugal: Décadas de 70 e 80. Lisboa: Livros Horizonte.

Torres, Anália (2001): Sociologia do Casamento. A Família e a Questão Feminina. Oeiras, Celta Editora.

Torres, Anália (2002): O casamento em Portugal. Uma análise sociológica. Oeiras: Celta.

Viegas, José Manuel Leite e Faria, Sérgio (1999): As Mulheres na Política. Lisboa: Imprensa Nacional–Casa da Moeda.

Walby, Sylvia (1997): Gender Transformations. Londres: Routledge.

Wall, Karin (2005) (org.): Famílias em Portugal. Percursos, Interações, Interações, Redes Sociais. Lisboa: Imprensa das Ciências Sociais.

Weber, Max (1961 [1920]): General Econmic History. Nova Iorque: Collier Books.

Weber, Max (1961 [1920]): Economy and Society. Editado por Guenther Roth e Claus Wittich. Berkeley e Londres: University of California Press.

Weeks, Jeffrey (1986): Sexuality. Londres e Nova Iorque: Tavistock Publications.

Zaretsky, Eli (1973): Capitalism. The Family and Personal Life. Nova Iorque: Monthly Review Press.

Publié-e

2019-06-27

Comment citer

Silva, M. C. (2019) « Violência doméstica, binómio cultural honra-vergonha e controlo de mulheres: uma análise de processos de (pós)divórcio », Cuestiones de Género: de la igualdad y la diferencia, (14), p. 375–402. doi: 10.18002/cg.v0i14.5868.